Bolsonaro usará contradições de Cid para tentar derrubar delação
Advogados do ex-presidente focam em contradições no interrogatório de Mauro Cid para tentar anular delação firmada com a PF
atualizado
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) definiu a estratégia de explorar supostas contradições no interrogatório de Mauro Cid para tentar anular a delação premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens no âmbito das investigações sobre a suposta trama golpista.
A análise conduzida pela equipe liderada pelo advogado Celso Vilardi é de que Cid se contradisse em diversos momentos durante o depoimento, recorrendo excessivamente a expressões como “acho”, “não sei” e “não lembro”. A defesa do ex-presidente estará reforçada: além de Vilardi, o advogado Paulo Bueno acompanhará Bolsonaro nas próximas etapas de interrogatórios.
Em entrevista coletiva concedida na noite desta segunda-feira (9/6), Vilardi criticou a conduta do delator. “Quando confrontado, ele diz que esqueceu. Assim, é fácil delatar”, ironizou. Segundo o advogado, Cid apresenta uma “memória seletiva”, o que, segundo ele, comprometeria a validade da colaboração premiada.
Enquanto a defesa de Bolsonaro aponta inconsistências no depoimento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliou, internamente, que Cid confirmou os principais pontos levantados durante a investigação conduzida pela Polícia Federal (PF).
Apesar disso, a procuradoria também identificou que o ex-ajudante de ordens foi evasivo ao detalhar algumas das informações já prestadas anteriormente. Por isso, o interrogatório foi classificado como “sem surpresas”.
Interrogatórios
Nessa segunda-feira (9/6), a Primeira Turma do STF ouviu o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem – atualmente deputado federal.
A sessão desta terça-feira (10/6) começou às 9h. Os trabalhos foram retomados com o depoimento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos, que negou ter visto minuto de golpe de Estado.