Homens que não se comprometem podem ter Síndrome de Simon; saiba mais
A Síndrome de Simon foi criada para denominar os famosos “solteirões” que não se comprometem; entenda
atualizado
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Você já olhou para aquela pessoa e pensou: “Esse aí não vai tomar jeito?”. Essa sensação, geralmente em homens (mas não obrigatoriamente) tem um nome, a Síndrome de Simon, acrônimo cujas letras se referem a uma série de características: Solteiro, Imaturo, Materialista, Obcecado pelo trabalho e Narcisista.
O termo Síndrome de Simon popularizou-se por conta do trabalho do psiquiatra espanhol Enrique Rojas. Ele descreve a condição como um fenômeno que afeta, predominantemente, homens com mais de 30 anos, caracterizados por uma imaturidade emocional e uma dificuldade significativa em se comprometer em relacionamentos.
Flávio Nunes, especialista em neurociências e comportamento humano, destaca que a síndrome não é um diagnóstico clínico ou uma categoria reconhecida pelos manuais de diagnóstico psiquiátrico. “É um termo mais informal, utilizado para descrever um padrão de comportamento que pode, no entanto, ter raízes em transtornos ou traços de personalidade e condições de saúde mental mais amplas”, diz.
“Indivíduos que exibem traços associados a essa “síndrome” frequentemente manifestam uma aversão a rótulos, exclusividade e planejamento de longo prazo, preferindo manter suas opções em aberto. Do ponto de vista neurocientífico, essa relutância em se comprometer pode estar ligada a uma série de fatores complexos que envolvem o sistema de recompensa do cérebro, a regulação emocional e as experiências de apego”, explica o profissional.
Além disso, Flávio destaca que pode haver uma predisposição a evitar a dor potencial da perda ou do fracasso, levando o indivíduo a buscar um estado de “liberdade” que, paradoxalmente, pode levar a uma sensação de vazio e isolamento.

Dificuldade com o comprometimento
Flávio ainda aponta que uma das principais razões na dificuldade de se comprometer reside nas experiências de apego formadas na primeira infância. “Indivíduos com padrões de apego evitativo, por exemplo, podem ter aprendido a suprimir a necessidade de intimidade e dependência, resultando em uma desconfiança em relação à proximidade emocional.”
“O medo do desconhecido, do fracasso, da perda da autonomia e da vulnerabilidade inerente a um compromisso profundo são poderosos inibidores. Neuroquimicamente, a liberação de dopamina, associada à novidade e à recompensa, pode tornar a busca por experiências mais atraente do que a estabilidade de um compromisso duradouro”, acrescenta.

Como se relacionar com alguém assim
As pessoas que se relacionam com alguém com a síndrome costumam ficar presas em uma espécie de espera constante. “A falta de comprometimento e a ambivalência do ‘Simon’ podem levar a um ciclo de esperança e decepção, gerando ansiedade, baixa autoestima e até mesmo depressão no parceiro”, emenda o expert.
Ainda de acordo com ele, a dinâmica do relacionamento frequentemente se transforma em uma perseguição, em que um parceiro busca o comprometimento enquanto o outro se esquiva, criando um padrão de apego ansioso-evitativo que é insatisfatório para ambos. “A falta de reciprocidade e a superficialidade do vínculo podem levar à exaustão emocional e à desilusão, impactando negativamente a capacidade do parceiro de formar relacionamentos saudáveis no futuro”, finaliza.