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O Nordeste apresenta uma média regional de produção industrial de 2,5%, contudo alguns estados tiveram desempenhos acima da média nacional, que é de 3,1%, de acordo com o IBGE. O Rio Grande do Norte, por exemplo, apresentou o maior crescimento da região, com uma alta de 7,4% na produção industrial, impulsionada pelo setor de refino de petróleo e fabricação de óleo diesel.
Esse crescimento é expressivo, mas ainda é necessário manter estratégias de incentivo ao investimento produtivo e à geração de empregos. Por isso, nessa terça-feira (10/6), o Metrópoles e o Banco do Nordeste promoveram o evento “Nordeste em Pauta: Indústria e Inovação”.
“O Banco do Nordeste tem um papel importante nas políticas públicas para o desenvolvimento da região, que é parte da solução do Brasil. Cumprindo a missão que o presidente Lula nos deu, que é de fazer o Banco do Nordeste crescer, há uma clara priorização de investimentos para o segmento da indústria e em inovação, visando fortalecer os arranjos produtivos e promover a geração de empregos e de renda”, afirmou o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, ao comentar sobre o papel da indústria e da inovação no avanço da economia regional.
Durante a abertura do evento, a CEO do portal Metrópoles, Lilian Tahan, deixou claro que o momento provoca reflexões e pede soluções concretas para o Nordeste. “Se quisermos ver a economia crescer, o Brasil precisa olhar para onde o Sol nasce primeiro.”
Nova política industrial
Em seguida, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, enfatizou dados do IBGE que mostram que o Brasil vive um momento de colheita. “O país subiu, por exemplo, para o 25º lugar no ranking mundial da indústria de transformação, além de ter menor taxa de desemprego no panorama histórico.”
A ministra ainda citou que o órgão, junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), aplicou investimentos recordes, com quase 37 bilhões de desembolsos para apoiar mais de 2,7 mil projetos relacionados às missões da nova política industrial.
Algumas das missões para a nova indústria no Nordeste têm como pilares a segurança alimentar, bem-estar nas cidades, descarbornização, o à saúde, produtividade e soberania.
Um outro destaque é a Chamada Pública Nordeste. A ação objetiva selecionar e apoiar planos de negócios estratégicos na região. Uma ação conjunta de Finep, BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Consórcio Nordeste e Sudene. O investimento será de até 10 milhões.
Outra fonte de investimento provém do Fundos de Investimento em Participações (FIP) Nordeste Capital Semente – fundo focado em empresas de tecnologia em estágio inicial, gerido pela Triaxis Capital e pela Crescera Capital – com um aporte inicial de 120 milhões, com apoio da Finep, BND e Sebrae.
“Só em 2025, os desembolsos de investimento já alcançaram quase 217 milhões, um volume 30% superior à média do período 2019-2022. E não é obra do acaso. É fruto de decisão política e de muito trabalho.”
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação
Outra medida é o Pró-infra, que visa a recuperar, expandir e modernizar a infraestrutura de pesquisa do país, com pelo menos 30% dos recursos destinados ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Segundo Luciana, os números são expressivos, mas pode-se fazer ainda mais. “O desenvolvimento só será pleno se for para todos. O Nordeste é uma potência.”
“O Crediamigo e o Agroamigo são os maiores programas nacionais de microcrédito. Algo movimentando em torno de 20 bilhões de reais”, acrescentou o presidente do Banco do Nordeste, que indicou que os valores aplicados na indústria entre 2020 e 2024 foi de 2,03 bilhões.
PIB
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, afirmou que o governo federal tem um olhar especial para a região, justamente para contribuir com o desenvolvimento do Nordeste, favorecendo os créditos e recursos para a inovação.
“O presidente Lula acredita na indústria, ciência e tecnologia. Por isso, os números são vibrantes. E a ferramenta fundamental para isso é o credito”, destacou.
Fonteles ainda explanou sobre o panorama regional do Nordeste. A região, hoje, tem menos de 14% na participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, tendo 26,9% de população.
Então, o executivo questionou: Como explicar a barreira de não ultraar, durante anos e diversos governos, os 14%? Tendo em vista os investimentos em projetos, com a maioria dos programas sociais beneficiando a região?
“Realmente, deve haver um esforço para ter, no mínimo, 14% de participação no PIB do Brasil. Para isso, é preciso corrigir a distribuição do crédito”, justificou.
Novo ciclo da indústria no Nordeste
Mediado pelo colunista do Metrópoles, Igor Gadelha, o que se seguiu jogou luz sobre os novos rumos da indústria na região, que inclui desafios para além da distribuição de crédito.
Para o diretor do Banco do Nordeste, Aldemir Ferreira, o Nordeste vive um momento de oportunidades. “Uma janela histórica, com a qual não podemos nos eximir da responsabilidade de que a região aproveite a oportunidade histórica”, reforçou.
Além do aumento do crédito, Ferreira validou uma articulação com instituições e parcerias, envolvendo crédito, fundo de participação, editais não reembolsados e projetos.
Segundo o diretor Financeiro, de Crédito e Captação da Finep, Márcio Stefanni, além do crédito, é preciso pensar na instalação de hospital, escola, indústria. “Indústria se fixa onde tem infraestrutura. Então o Nordeste precisa de investimento na base estrutural.”
Na visão da diretora do BNDES e presidente da ABDE, Maria Fernanda Coelho, o que está sendo feito é um investimento expressivo na proatividade. “Isso significa que parcerias estão se consolidando de forma concreta, construindo um crescimento sustentável”, destacou.
Além da indústria
Já Rogério, economista-chefe do Banco do Nordeste, validou que os desafios da educação da desigualdade, no Nordeste, são verdade. Mas, a região, segundo ele, tem sido bem-sucedida em um conjunto de ações.
“O que pode ser pensado é olhar a exportação de maneira estratégia. Além disso, refletir sobre o efeito multiplicador do turismo, mas não só no aspecto lúdico, mas na importância para o negócio. A região tem uma vocação e vantagem bastante competitivas”, certificou.
Nesse aspecto, Aldemir Freire mencionou a janela de oportunidade que o Nordeste oferece e o enfrentamento, a partir dela, dos gargalos. “O setor energético é uma grande janela, por exemplo. Então a ideia é instalar indústrias para aproveitar um centro de energia renovável e barata”, assegurou.
“No Nordeste, não podemos esquecer que temos um vácuo na malha ferroviária. Alguma das soluções seria aumentar a duplicação de rodovias, ligando os grandes centros”, elencou.
Para finalizar, Maria Fernanda, levantou um ponto-chave: a questão ambiental. Para ela, é preciso que o sistema político garanta uma estratégia que proteja a natureza.
“O Bioma Caatinga é o marco do Nordeste. É o que mais resgata carbono do solo. Além disso, a agricultura é fundamental, tanto a empresarial quanto a familiar. E praticamente 50% dela estão na região Nordeste, em relação ao Brasil”, ressaltou.
Assista ao evento “Nordeste em Pauta: Indústria e Inovação” completo: